Mil famílias começam a ser despejadas em Itaboraí

Por: Ayra Rosa 03/03/2015

Funcionários demitidos do Comperj estão morando de favor em alojamentos e pousadas, e precisam contar com solidariedade das pessoas para não acabarem no meio da rua

Mais de mil famílias de funcionários demitidos de empresas terceirizadas do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) já começaram a ser despejadas nesta semana de alojamentos, pousadas e casas alugadas em Itaboraí. Segundo o coordenador do Centro de Referência Especializada Para População em Situação de Rua do Município (Centro Pop), Fábio Krespane, ainda não há

números e os efeitos serão contabilizados ao longo da semana.

“As famílias já começaram a ser desalojadas, já que o depósito de três meses [feito pelas empresas], que funciona como um seguro moradia, vence essa semana. Não temos como divulgar ainda um balaço do número de pessoas já despejadas, na verdade. Os efeitos só serão notados e contabilizados durante essa semana”, informa o coordenador.

Ontem vários moradores só não dormiram na rua por conta da solidariedade de proprietários de imóveis. Foi o caso da situação dos hóspedes da Pousada do Trabalhador, em Venda das Pedras. O dono do local, Marcos Paulo Pires e Silva, mantém 20 trabalhadores no lugar mesmo sabendo que eles não têm como pagar a diária.

“Não despejei os operários porque seria desu

mano da minha parte, estou tentando ajudar como posso, pelo menos deixando-os continuar dormindo em meu estabelecimento. A empresa Alusa (atual Alumini) era nosso cliente e assim como deixou os funcionários sem pagamento, me deixou com uma dívida de R$ 500 mil”, revelou o empresário.

Ainda segundo Marcos Paulo, ele está passando o ponto da pousada, devido ao prejuízo com a falta do pagamento da empresa e, além disso, está vendendo também alguns dos móveis e eletrodomésticos.

“Eu estou vendendo porque acho importante honrar com meus funcionários. Foram colocadas também faixas e bandeiras pretas em sentimento de luto e respeito aos colaboradores que hoje estão desempregados e sem seus pagamentos”, declarou.

Recebendo a ajuda e solidariedade do dono da

pousada, Luis Carlos da Silva Campos, de 59 anos, que veio de Volta Redonda, mora de favor enquanto espera por seu pagamento. Ele, que trabalhava como mecânico montador, explica que a empresa Alusa, além de não ressarci-lo, não deu baixa na carteira, o que o impossibilita de iniciar em um novo emprego.

“A Alusa não deu nenhuma satisfação para a gente, nem demitir a gente eles fizeram. Consegui uma declaração pelo Ministério do Trabalho para tentar buscar um novo emprego, mas nenhuma empresa se arrisca em nos contratar nessa situação. Eu e alguns colegas ainda tivemos a sorte do dono da pousada nos acolher durante a noite, ao invés de nos mandar para a rua. Nosso vale-alimentação também foi cortado desde janeiro, estamos garantindo nosso almoço no Restaurante Popular”, conta Luis Carlos.

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Sobre Ana Paula Carvalho Silva

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